Ainda em 1944 (ver aqui anterior post), Manuel Tavares
realiza um outro calendário, este dedicado aos rios portugueses, demonstrando
de novo grande à-vontade na execução da aguarela, de mancha solta e grande economia
de meios. Ainda aqui a encomenda é da
Empresa Fabril do Norte. Sobre a
história desta grande empresa, conhecida como a “Fábrica dos Carrinhos” ver,
por exemplo, este artigo de 2007 do Jornal de Notícias.
O calendário foi-me oferecido há já alguns anos, por um amigo,
setubalense como eu, e ferrenho coleccionador das coisas da terra, não
sem primeiro guardar para a sua colecção a aguarela do Rio Sado. A esta distância, não me lembro sequer de a
ter visto. E portanto, segue o post sem
a aguarela de Tavares correspondente ao mês de Setembro. A paisagem sadina foi
exaustivamente tratada por tantos pintores, que fácil será encontrar
substituição – trouxe, por isso, a contribuição de um outro pintor de biografia
esquecida, Alfredo Miguéis (1883-1943) - madeirense de nascimento, e que pelas
margens do Sado igualmente andou, tendo sido professor da Escola Industrial de
Setúbal. Finalmente, a curiosidade da apresentação à repartição de finanças do Porto de cada um dos exemplares para pagamento de imposto de selo.
JANEIRO - Rio Minho - Melgaço
FEVEREIRO - Rio Lima - Viana do Castelo
MARÇO - Rio Cávado - Barcelos
ABRIL - Rio Ave - Santo Tirso
MAIO - Rio Douro - Pinhão
JUNHO - Rio Vouga - Pessegueiro
JULHO - Rio Mondego -Coimbra
AGOSTO - Rio Tejo - Santarém
Rio Sado (aguarela de Alfredo Miguéis)
OUTUBRO - Rio Mira - V.N. Milfontes
NOVEMBRO - Rio Guadiana - Mértola
DEZEMBRO - Rio Leça - Ponte das Bruxas
(O velho e longo "braço" do fisco)
O calendário era entregue com esta capa (retoquei digitalmente), revelando a enorme esperança que enchia todo o mundo neste início de 1945 - a aspiração da PAZ.
Bom dia,
ResponderEliminarEstou a tentar investigar um pouco a vida e obra de Manuel Tavares, particularmente o facto de haver duas assinaturas diferentes nas suas aguarelas. A que está presente neste calendário e uma outra, ligeiramente diferente e até, por vezes, com o acrescento de "jor" no final. Esta segunda é atribuída a Manuel Tavares Júnior mas o período, técnica e tema das aguarelas é muito semelhante. Isto faz-me pensar que se trata apenas de uma assinatura diferente do mesmo autor, talvez porque o Manuel Tavares "Pai" estaria já desgastado de bater em tantas portas.
Infelizmente não consigo encontrar na internet nada sobre a vida do pintor, apenas imagens de lotes dos variados leilões onde as aguarelas são licitadas. Se tiver alguma informação adicional ou souber onde a encontrar ficaria muito agradecido,
Cumprimentos,
Bernardo Eça
Dificilmente encontrará na rede pouco mais do que esboços de biografias de ambos os pintores (trata-se de facto de pai e filho). Para aumentar a confusão, Manuel Tavares Junior - que assim assinou as suas obras durante muito tempo - passou no início dos anos 60 a asssinar como M Ferreira, desenhando de tal forma a assinatura, que esta é quase sobreponível à anterior. Portanto, Manuel Tavares Junior e Manuel Ferreira é que são, de facto, uma única pessoa. Penso que Manuel Ferreira (Tavares Fº) está vivo e mantèm-se activo. Alguns artistas da "velha guarda", dos últimos salões da Sociedade Nacional das Belas Artes (SNBA) é que podem ajudar a estabelecer os percursos e biografias de ambos. Estou-me a lembrar do pintor Real Bordallo, por exemplo. E a própria SNBA deve contar ainda nos seus sócios com os nomes destes artistas. Quanto à semelhança de técnica e temas, concordo com os temas (sempre o velho naturalismo novecentista ...), mas, permito-me discordar da técnica. Manuel Tavares (pai) tem um desenho preciso, uma mancha criativa e segura, e aparentemente só as aflições financeiras em que estava frequentemente mergulhado o faziam hesitar na qualidade, dando primazia à quantidade, aos materiais mediocres e aos papéis de esboço.
EliminarBom dia.
ResponderEliminarAndava a ver se identificava na net uma aguarela que tenho num calendário antigo que herdei e deparei-me por acaso com o seu blogue. Parece-ame que também tenho um calendário deste pintor, mas tenho que ir verificar. Os meus calendários já só estão reduzidos mesmo às imagens. Não sei de que fábrica ou estabelecimento eram, mas sei, porque me lembro de quem mos deixou, que estavam ligados a actividades no norte de Portugal. A minha Mãe e os meus padrinhos que foram quem a criou eram de Viana do Castelo e eu sei que o meu padrinho teve em tempos um café nessa cidade.
Eu também tenho um blogue e se me poder mandar um email para eu lhe possa mandar a digitalização de uma das páginas de um dos calendários (esta que lhe vou enviar é a faina da vindima no Douro) agradecia para ver se me ajuda a identificar o autor. O meu email do blogue é: milaiartes@hotmail.com.
Cumprimentos
Adelaide Mesquita