sábado, 19 de fevereiro de 2011

ANNE MARIE JAUSS (Munique, 1902 - Nova Iorque, 1991)

A leiloeira Renascimento pôs esta semana em venda um quadro de autoria da pintora de origem alemã ANNE MARIE JAUSS.



Nascida a 3 de Fevereiro de 1902 (algumas fontes referem 1907), em Munique, faleceu em Nova Iorque em 1991. Chegou a Lisboa em 1942, refugiada de guerra. Até 1946, ano em que parte definitavamenmte para Nova Iorque pinta, modela cerâmica e ilustra livros. A partir de 1946, inicia em Nova Iorque uma carreira de escritora e ilustradora de livros infantis.

É natural que em Portugal tenha conhecido vários artistas que por aqui foram passando por períodos mais ou menos longos : - Max Brauman, Hansi Staël, Moise Kisling, Hein Semke, Helène de Beauvoir, e outros.

A revista PANORAMA (do Secretariado da Propaganda Nacional) dedicava-lhe o seguinte artigo em Outubro de 1942:

Todos sabem : - a paisagem portuguesa é manancial inesgotável de temas pictóricos. Daí o ser frequente passarem por cá artistas estrangeiros que, enfeitiçados pelos seus encantos, nunca mais podem separar-se dela. Reconheçamos, todavia, que raros souberam interpetá-la. Não porque o modelo seja esquivo, de traços pouco nítidos. Pelo contrário. A dificuldade reside exactamente na sua prodigiosa nitidez e diferenciação, no carácter inconfundível dos seu múltiplosaspectos: a luz, a policromia, a variedade …

Anne Marie Jauss é uma excepção admirável. Com uma visão plástica de pura ingenuidade, de gostoso primitivismo, contempla e interpretra, esses aspectos, compreendendo-os e sentindo-os, ao mesmo tempo, e profundamente.

Não estará certo dizer-se que a nossa paisagem a comove? Vejam-se os trabalhos que nestas páginas reproduzimos. Imediatamente reconhecíveis (que ângulo fotográfico poderia dar-nos, com tanta evidência, a Sintra que ela fixou?) envolve-nos, no entanto, esse halo misterioso, de candura lírica, de infantilidade revivida, que encanta e enternece. Sensibilidade notável, a desta artista estrangeira, cujos invulgares recursos técnicos, postas à prova em todos os seus trabalhos, desde o óleo à ponta seca – pela cor, o desenho, o sentido harmónico da composição e os pequenos milagres da perspectiva - não lograram (coisa rara!) asfixiar. Rapare-se, por exemplo, no quadro a que chqamou “Pequena Quinta”.* Ou, antes: na reprodução desse quadro. Porque os óleos, gravuras e desenhos de Annne Marie Jauss estão ainda no seu atelier, aguardando a oportunidade de serem expostos em público.






Anne Marie Jauss ter-se-á despedido de Portugal e da Panorama com a magnífica capa do nº 28, de 1946.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ermida de Nª Sª da Conceição (Trafaria) - por Manuel Tavares

A recente descoberta do blogue http://ruinarte.blogspot.com tem-me feito viajar pela memória e pelo país da incúria e do desleixo, através de reportagens fotográficas que revelam a ruína de muito do nosso património em momentos de terrível qualidade estética. Uma das suas entradas revela o estado de abandono deste imóvel à beira-Tejo.
Curiosamente, há mais de 10 anos passou por mim esta aguarela de Manuel Tavares que estava intitulada "Velha Torre - Trafaria", datada de 1955. O autor já registava então a apropriação do edifício religioso para habitação.