A leiloeira Renascimento pôs esta semana em venda um quadro de autoria da pintora de origem alemã ANNE MARIE JAUSS.
Nascida a 3 de Fevereiro de 1902 (algumas fontes referem 1907), em Munique, faleceu em Nova Iorque em 1991. Chegou a Lisboa em 1942, refugiada de guerra. Até 1946, ano em que parte definitavamenmte para Nova Iorque pinta, modela cerâmica e ilustra livros. A partir de 1946, inicia em Nova Iorque uma carreira de escritora e ilustradora de livros infantis.
É natural que em Portugal tenha conhecido vários artistas que por aqui foram passando por períodos mais ou menos longos : - Max Brauman, Hansi Staël, Moise Kisling, Hein Semke, Helène de Beauvoir, e outros.
A revista PANORAMA (do Secretariado da Propaganda Nacional) dedicava-lhe o seguinte artigo em Outubro de 1942:
Todos sabem : - a paisagem portuguesa é manancial inesgotável de temas pictóricos. Daí o ser frequente passarem por cá artistas estrangeiros que, enfeitiçados pelos seus encantos, nunca mais podem separar-se dela. Reconheçamos, todavia, que raros souberam interpetá-la. Não porque o modelo seja esquivo, de traços pouco nítidos. Pelo contrário. A dificuldade reside exactamente na sua prodigiosa nitidez e diferenciação, no carácter inconfundível dos seu múltiplosaspectos: a luz, a policromia, a variedade …
Anne Marie Jauss é uma excepção admirável. Com uma visão plástica de pura ingenuidade, de gostoso primitivismo, contempla e interpretra, esses aspectos, compreendendo-os e sentindo-os, ao mesmo tempo, e profundamente.
Não estará certo dizer-se que a nossa paisagem a comove? Vejam-se os trabalhos que nestas páginas reproduzimos. Imediatamente reconhecíveis (que ângulo fotográfico poderia dar-nos, com tanta evidência, a Sintra que ela fixou?) envolve-nos, no entanto, esse halo misterioso, de candura lírica, de infantilidade revivida, que encanta e enternece. Sensibilidade notável, a desta artista estrangeira, cujos invulgares recursos técnicos, postas à prova em todos os seus trabalhos, desde o óleo à ponta seca – pela cor, o desenho, o sentido harmónico da composição e os pequenos milagres da perspectiva - não lograram (coisa rara!) asfixiar. Rapare-se, por exemplo, no quadro a que chqamou “Pequena Quinta”.* Ou, antes: na reprodução desse quadro. Porque os óleos, gravuras e desenhos de Annne Marie Jauss estão ainda no seu atelier, aguardando a oportunidade de serem expostos em público.
Anne Marie Jauss ter-se-á despedido de Portugal e da Panorama com a magnífica capa do nº 28, de 1946.
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